Caxias do Sul - RS - Brasil

Especial PARAJIRGS 2013

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Especial PARAJIRGS 2013


Renascimento no esporte

Outro destaque na pista de atletismo era o corredor cego Vladmir Virgilio Moreira dos Santos (foto), 42, de Rio Grande. Conhecido de muitos, o ultramaratonista esbanjava simpatia. Apesar de ser especialista na longa distância, ele não se intimidou com outros desafios:

– Fiz questão de vir participar para ajudar a divulgar o paradesporto. Vim para as provas de salto em distância e 1.500m. Temos que mostrar que não somos coitados, que a gente é feliz. Eu perdi a visão, não a minha cidadania.

Vítima de degeneração nas células máculas, Vladmir perdeu a visão aos 34 anos. Para ele, foi um renascimento. Com apoio da família, buscou na corrida a forma de se reintegrar à sociedade:

– Foi a forma que encontrei para pararem de me ver como o cara que perdeu a visão. Usei a corrida para reconquistar o respeito perante os olhos dos outros. Hoje, todo mundo me conhece nas ruas de Rio Grande como o corredor.

Tetracampeão da Maratona do Rio de Janeiro, e com vitórias nas provas de São Paulo, Curitiba, Amsterdã, Genebra e Berlim, entre outras, Vladmir atingiu o índice para as Paralimpíadas de Londres. Porém, a falta de atletas para a maratona cancelou a prova. Desde então, o paratleta gaúcho se propôs a desafios maiores. Em abril, Vladmi tornou-se o primeiro cego das Américas a completar a ultramaratona no Atacama, no Chile.

– Foram sete dias de prova no deserto. Eu e o Alex, meu corredor-guia. De dia eram 54ºC e de noite caía para zero. Mas o pior era ficar sem tomar banho – brinca.

Os 250 quilômetros do Atacama Crossing fazem parte do circuito 4 Deserts, com ultramaratonas que percorrem os quatro maiores desertos do mundo (o de Gobi, na Ásia, o Saara, na África, e a Antártida, além do chileno). Circuito esse que Vladmir já treina para completar no ano que vem.

– Não tenho mais objetivo de ir para a Paralimpíada. Gosto dessas provas com níveis dificílimos. Ali não corro contra outros, só faço o meu melhor e busco completar a prova. Para mostrar que quando se tem força de vontade a gente consegue.

Morte de atleta para evento

Caxias do Sul – Uma fatalidade, na tarde de sábado, provocou a interrupção da terceira edição dos Jogos Abertos Paradesportivos do Rio Grande do Sul (Parajirgs). O pelotense Antônio Carlos da Cunha, 55 anos, um dos mais de 280 participantes do evento, se sentiu mal e morreu horas depois, no Hospital Geral. Ele era praticante de goalball (arremessos a gol para cegos), mas não estava competindo quando ocorreu o incidente.

Devido à morte do atleta, a Secretaria Estadual de Esporte e Lazer, promotora dos Parajirgs, além da prefeitura de Caxias, Fundergs e UCS, responsáveis pela realização, decidiram suspender a competição. Assim, o basquete em cadeira de rodas, que ocorreria na manhã de ontem, fica para outra data, a ser definida posteriormente.

Ainda abalada com o incidente, a professora Heloisa Santini, da Fundergs e coordenadora geral dos jogos, disse ontem que não tinha a informação oficial sobre a causa da morte de Antônio Carlos, que integrava a delegação de Pelotas. Os indicativos eram de que ele sofreu um infarto. Exames antes dos jogos não indicaram problemas.

Heloisa ressaltou a fatalidade, pois havia toda a estrutura necessária para o acompanhamento dos atletas, dentro e fora das disputas.

– Tínhamos três ambulâncias. Assim que ele se sentiu mal, houve o atendimento e em poucos minutos estava no hospital. A prefeitura e os demais organizadores fizeram o possível, atendendo a delegação e ajudando para a liberação do corpo ainda na madrugada da sábado – declarou a professora.

Até o incidente, a competição transcorria normalmente, com os atletas dando uma amostra de superação. O frio do sábado, que começou com muita umidade, não tirou a motivação de todos.

* Colaborou Leonardo Lopes, especial para o Pioneiro.

elizeu.evangelista@pioneiro.com
ELIZEU EVANGELISTA*

Do silêncio da quadra aos desafios do atletismo

Antes da morte de Antônio Carlos da Cunha, os Parajirgs seguiam o roteiro. Na sexta-feira à noite ocorreu a abertura no Sesi. No sábado pela manhã, as competições tiveram início, na sede campestre do Recreio da Juventude, na Vila Poliesportiva da UCS e no hangar do Programa Caxias Navegar.

Dentre as diversas disputas simultâneas, o goalball chamou a atenção. Espécie de gol a gol para deficientes visuais, o desporto exige um ginásio em silêncio absoluto e apenas ao árbitro é permitido falar, com curiosas instruções em inglês para cada arremesso, “quiet please, play”. De cada lado da quadra de vôlei do Ginásio II da UCS foi posicionada uma goleira com nove metros de largura e 1,2 metro de altura.

Três atletas de cada time, ao mesmo tempo arremessadores e defensores, se baseavam nas percepções tátil e auditiva para se espalharem na frente das metas. A bola possui um guizo em seu interior.

Enquanto isso, na pista de atletismo a diversidade predominava. As diferentes deficiências dividiam o espaço em competições de corridas, arremessos e saltos. Atletas como o entusiasmado Gilcinei da Rosa, 16 anos, campeão dos 100 e 200 metros rasos. Integrante da equipe da Apae de Portão, ele sonha alto:

– Quero ir para a seleção brasileira, ganhar dinheiro (com o esporte) e conhecer outros lugares do mundo. Quero ir lá no Japão e na Coreia, comer escorpião.

Devido a uma complicação no parto, Gilcinei tem paralisia cerebral de grau 36. Logo após seu nascimento, o médico chegou a afirmar que ele não seria capaz de caminhar. Na pista, porém, ele exibe as passadas largas de um atleta que termina os 100m com o tempo de 15s05.

– No ano passado, ele participou do Circuito Loterias Caixa em Curitiba e atingiu o índice nacional nos 200m. Porém não pode ir para a disputa em Fortaleza por falta de recursos. Mas serviu de exemplo para o resto do grupo que passou a se dedicar mais e também conquistar resultados. E para o pessoal que vê de fora, que só dá valor aos resultados – afirma Paulo Antoni, técnico da equipe de Portão, que veio com 16 atletas para Caxias.

Classificação dos atletas

A realização do Parajirgs é da Secretaria Estadual do Esporte e Lazer, por meio do Fundergs, que custeou as passagens e hospedagens das equipes e contratou os árbitros. Convidadas como sede, a UCS e a Secretaria Municipal do Esporte e Lazer (SMEL) cederam a estrutura e profissionais para o evento. As novidades desta terceira edição foram a canoagem e a realização de classificação funcional dos atletas:

– Isto é muito importante, pois esta avaliação é cara. Para ser feita, ela precisa de um profissional de educação física e um médico ou fisioterapeuta. Essa é uma avaliação nacional que permite a participação em qualquer competição paralímpica do país – afirmou a coordenadora do Fundergs, professor Heloisa Santini.

Felipe dos Santos (Brasinha) representou Caxias nos 100m, 200m e salto em distância

Eventos do sábado tiveram a classificação geral:
- 1º Porto Alegre
- 2º Caxias do Sul
- 3º Passo Fundo
- 4º Pelotas
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