Um adepto do futsal arte
Caxias do Sul – De hoje até domingo, Caxias do Sul volta a respirar o melhor do futsal do país. Depois de ter equipes figurando na elite do salonismo brasileiro, o torcedor poderá acompanhar alguns dos principais atletas da atualidade. E o comandante dessa jovem e renovada equipe é bem conhecido. Alguém que marcou seu nome na história da principal equipe caxiense da modalidade, a Enxuta.
Na noite de terça-feira, enquanto parte dos atletas ainda chegavam ao hotel onde a seleção brasileira está concentrada, o técnico Ney Pereira recebeu o Pioneiro para uma conversa descontraída, de lembranças e pontuações fortes sobre a renovação do atual campeão mundial. Há quem possa ter estranhado o fato do técnico de 62 anos ter sido anunciado como o substituto de Marcos Sorato, o Pipoca. Mas é exatamente pelo espírito de inovação, de busca por talentos que sempre pontuou a carreira do comandante.
E essa trajetória teve uma passagem marcante em Caxias do Sul. No início da Enxuta, na década de 1980, Ney deixou sua marca na principal equipe já formada na cidade.
– Começou comigo. Vim em 1986 e trouxe o Babau e o Carlos Otávio. Tinha muita gente boa daqui. Havia sido campeão pelo Bradesco, e assumi a equipe que veio a ser vice-campeã brasileira e ganhou o Estadual. Peguei a época áurea, de casamento novo. Nós éramos supervalorizados, foi muito bom em todos os sentidos. A Enxuta era uma marca forte no futsal. Existia o carinho e o respeito do torcedor – relembra.
Ao voltar quase 30 anos no tempo, o carioca, multicampeão em, pelo menos, cinco Estados brasileiros, é saudosista. Relembra o lance de Babau, que garantiu a conquista do primeiro Gauchão da Enxuta sobre o Grêmio, a sua segunda passagem pelo clube em 1989, os amigos e atletas com quem pôde conviver. Para Ney Pereira, Caxias do Sul ficou marcada na sua vida:
– Adorei morar na cidade. E olha que naquela vez não queria vir pela condição climática. Peguei neve, e das boas. Achei que fosse praticamente impossível voltar aqui.
O retorno – Ney voltou. E como técnico da seleção brasileira. Nos últimos anos, o treinador estava trabalhando exclusivamente em clubes cariocas, para ficar mais próximo e cuidar da mãe. Ao ser chamado para ser o comandante na renovação do esquadrão brasileiro, decidiu encarar o desafio. E realmente se trata de um momento com aspectos muito peculiares.
A fase é de transição. O motivo é simples. A base campeã mundial trazia grandes jogadores, referências de uma geração, como os goleiros Franklin e Tiago, o fixo Neto e os alas Vinícius e Falcão, que transitam na mesma faixa etária. Dificilmente mais do que dois deles estarão no Mundial de 2016.
– Precisamos observar jovens jogadores. Revelar talentos. E essa mudança é extremamente difícil. Precisamos experimentar, fazer observações, mas sem perder o foco no resultado – afirma Ney.
Neste ano, os resultados comprovam que talentos não faltam. A seleção brasileira conquistou todos os títulos que disputou no ano: Sul-Americano, Grand Prix e um torneio no Vietnã, no mês passado. Em todos eles, sem contar com vários atletas que atuam no Exterior e agregariam maior experiência.
mauricio.reolon@pioneiro.com
MAURÍCIO REOLONNa noite de terça-feira, enquanto parte dos atletas ainda chegavam ao hotel onde a seleção brasileira está concentrada, o técnico Ney Pereira recebeu o Pioneiro para uma conversa descontraída, de lembranças e pontuações fortes sobre a renovação do atual campeão mundial. Há quem possa ter estranhado o fato do técnico de 62 anos ter sido anunciado como o substituto de Marcos Sorato, o Pipoca. Mas é exatamente pelo espírito de inovação, de busca por talentos que sempre pontuou a carreira do comandante.
E essa trajetória teve uma passagem marcante em Caxias do Sul. No início da Enxuta, na década de 1980, Ney deixou sua marca na principal equipe já formada na cidade.
– Começou comigo. Vim em 1986 e trouxe o Babau e o Carlos Otávio. Tinha muita gente boa daqui. Havia sido campeão pelo Bradesco, e assumi a equipe que veio a ser vice-campeã brasileira e ganhou o Estadual. Peguei a época áurea, de casamento novo. Nós éramos supervalorizados, foi muito bom em todos os sentidos. A Enxuta era uma marca forte no futsal. Existia o carinho e o respeito do torcedor – relembra.
Ao voltar quase 30 anos no tempo, o carioca, multicampeão em, pelo menos, cinco Estados brasileiros, é saudosista. Relembra o lance de Babau, que garantiu a conquista do primeiro Gauchão da Enxuta sobre o Grêmio, a sua segunda passagem pelo clube em 1989, os amigos e atletas com quem pôde conviver. Para Ney Pereira, Caxias do Sul ficou marcada na sua vida:
– Adorei morar na cidade. E olha que naquela vez não queria vir pela condição climática. Peguei neve, e das boas. Achei que fosse praticamente impossível voltar aqui.
O retorno – Ney voltou. E como técnico da seleção brasileira. Nos últimos anos, o treinador estava trabalhando exclusivamente em clubes cariocas, para ficar mais próximo e cuidar da mãe. Ao ser chamado para ser o comandante na renovação do esquadrão brasileiro, decidiu encarar o desafio. E realmente se trata de um momento com aspectos muito peculiares.
A fase é de transição. O motivo é simples. A base campeã mundial trazia grandes jogadores, referências de uma geração, como os goleiros Franklin e Tiago, o fixo Neto e os alas Vinícius e Falcão, que transitam na mesma faixa etária. Dificilmente mais do que dois deles estarão no Mundial de 2016.
– Precisamos observar jovens jogadores. Revelar talentos. E essa mudança é extremamente difícil. Precisamos experimentar, fazer observações, mas sem perder o foco no resultado – afirma Ney.
Neste ano, os resultados comprovam que talentos não faltam. A seleção brasileira conquistou todos os títulos que disputou no ano: Sul-Americano, Grand Prix e um torneio no Vietnã, no mês passado. Em todos eles, sem contar com vários atletas que atuam no Exterior e agregariam maior experiência.
mauricio.reolon@pioneiro.com
Estreantes |
Os alas Jonathan, da ACBF, e Joãozinho, do |
Concórdia, recebem a primeira oportunidade na seleção. |
Rivais |
Quarta colocada no Mundial, a seleção colombiana deve ser o principal rival do Brasil no torneio em Caxias do Sul. Ney Pereira admitiu conhecer pouco da Croácia e acredita que o Chile não conseguirá fazer frente aos três adversários. |
‘Temos que resgatar a liberdade de criar, deixar de lado o futsal robotizado’
Conduzir uma renovação, mas sem deixar de lado as conquistas. A incumbência de Ney Pereira em 2013 teve mais altos do que baixos. Mas isso não quer dizer que veio com facilidade. O treinador tem de superar dificuldades na hora das convocações. Quase sempre, não pode chamar todos os atletas que quer. Esbarra nos problemas de logística para trazer jogadores do Exterior e no alto investimento das equipes brasileiras, que nem sempre liberam seus craques, por disputarem outras competições.
– Agora foram liberados 14 atletas. A ideia era formar três times de linha e ter mais dois goleiros. Duas dessas “equipes” formariam a nossa base e dariam sustentação aos resultados. Os quatro jogadores restantes seriam os experimentos de cada torneio. Mas nem sempre é possível fazer isso – admite o técnico.
A competição em Caxias é um desses casos. Com desfalques, o número de apostas e observações é ainda maior. Independentemente de quem estiver em quadra, Ney Pereira mantém a sua filosofia. Quer o time jogando para a frente, sem medo. Abusando da criatividade, sem deixar de lado a obediência tática.
– Quero fazer um jogo bonito. O nosso time não poder perder a volúpia, a criatividade. Não concordo com a filosofia do exato. Precisamos procurar nossa identidade. Houve uma evolução em todos os sentidos, mas temos que resgatar a liberdade de criar, deixar de lado aquele futsal robotizado – explica.
Essa liberdade é justamente o que aparece em cada lance do craque Falcão, principal referência neste momento de transição. No começo do trabalho, o ala questionou Ney Pereira se poderia fazer uma lambreta, um drible tradicionalmente praticado pelo jogador nos jogos da seleção. A resposta veio com um alerta:
– Pode sim. Uma, duas, três, quantas quiser. Mas alguém vai ter que estar na cobertura!
– Agora foram liberados 14 atletas. A ideia era formar três times de linha e ter mais dois goleiros. Duas dessas “equipes” formariam a nossa base e dariam sustentação aos resultados. Os quatro jogadores restantes seriam os experimentos de cada torneio. Mas nem sempre é possível fazer isso – admite o técnico.
A competição em Caxias é um desses casos. Com desfalques, o número de apostas e observações é ainda maior. Independentemente de quem estiver em quadra, Ney Pereira mantém a sua filosofia. Quer o time jogando para a frente, sem medo. Abusando da criatividade, sem deixar de lado a obediência tática.
– Quero fazer um jogo bonito. O nosso time não poder perder a volúpia, a criatividade. Não concordo com a filosofia do exato. Precisamos procurar nossa identidade. Houve uma evolução em todos os sentidos, mas temos que resgatar a liberdade de criar, deixar de lado aquele futsal robotizado – explica.
Essa liberdade é justamente o que aparece em cada lance do craque Falcão, principal referência neste momento de transição. No começo do trabalho, o ala questionou Ney Pereira se poderia fazer uma lambreta, um drible tradicionalmente praticado pelo jogador nos jogos da seleção. A resposta veio com um alerta:
– Pode sim. Uma, duas, três, quantas quiser. Mas alguém vai ter que estar na cobertura!
Falcão mira o 350º gol na seleção
Finalista das últimas nove edições da Liga Futsal, Falcão retorna a Caxias do Sul com a seleção após sete anos. Em 2006, esteve na disputa do Grand Prix, com uma vitória emocionante sobre a Itália na final. De lá para cá, o status de melhor jogador do mundo só se ampliou. No ano passado, mesmo com uma lesão durante o Mundial, foi peça fundamental na conquista.
– Venho numa sequência muito positiva. Esse foi o diferencial da minha carreira. Nunca joguei só no nome – afirma.
O camisa 12 é parte fundamental da transição na seleção brasileira. Como dificilmente atuará na próxima Copa do Mundo de futsal, o ala quer auxiliar com a sua experiência:
– Quero fazer parte desse processo, é algo muito positivo. Será uma grande mudança e quero ajudar os moleques, mostrar para eles esse prazer de jogar. Se divertir dentro de quadra.
A competição em Caxias do Sul servirá para o craque quebrar mais uma marca pela seleção. O jogador tem 349 gols com a camisa amarela e espera marcar, pelo menos um, nos jogos contra Chile, Colômbia e Croácia. Uma tarefa, digamos, nada complicada. E a famosa lambreta? Ele não promete, mas...
– Minha ideia é de alegrar o público. Meu estilo de jogo é sempre o mesmo e, dentro dos momentos da partida, procuro improvisar. Não penso em nada premeditado – diz o jogador.
Ontem, após o treino, Falcão foi extremamente receptivo aos fãs que acompanhavam a atividade no ginásio do Sesi e distribuiu autógrafos, além de posar para fotos.
Escolinha – A passagem por Caxias também servirá para que ele possa inaugurar a sede da franquia da sua escolinha de futsal, CT Falcão 12. Amanhã, às 11h, o jogador estará no ginásio Arena, no bairro Santa Catarina, onde participará do evento. A escolinha será comandada pelo professor Enio Aguiar.
– Venho numa sequência muito positiva. Esse foi o diferencial da minha carreira. Nunca joguei só no nome – afirma.
O camisa 12 é parte fundamental da transição na seleção brasileira. Como dificilmente atuará na próxima Copa do Mundo de futsal, o ala quer auxiliar com a sua experiência:
– Quero fazer parte desse processo, é algo muito positivo. Será uma grande mudança e quero ajudar os moleques, mostrar para eles esse prazer de jogar. Se divertir dentro de quadra.
A competição em Caxias do Sul servirá para o craque quebrar mais uma marca pela seleção. O jogador tem 349 gols com a camisa amarela e espera marcar, pelo menos um, nos jogos contra Chile, Colômbia e Croácia. Uma tarefa, digamos, nada complicada. E a famosa lambreta? Ele não promete, mas...
– Minha ideia é de alegrar o público. Meu estilo de jogo é sempre o mesmo e, dentro dos momentos da partida, procuro improvisar. Não penso em nada premeditado – diz o jogador.
Ontem, após o treino, Falcão foi extremamente receptivo aos fãs que acompanhavam a atividade no ginásio do Sesi e distribuiu autógrafos, além de posar para fotos.
Escolinha – A passagem por Caxias também servirá para que ele possa inaugurar a sede da franquia da sua escolinha de futsal, CT Falcão 12. Amanhã, às 11h, o jogador estará no ginásio Arena, no bairro Santa Catarina, onde participará do evento. A escolinha será comandada pelo professor Enio Aguiar.
Goleiros |
- Rennan – ACBF |
- Gian – Concórdia-SC |
Fixos |
- Rodrigo – ACBF |
- Grillo – Atlântico Erechim |
Alas |
- Zico – Atlântico Erechim |
- Daniel – ACBF |
- Jonathan – ACBF |
- Jackson – Corinthians-SP |
- Alex – Corinthians-SP |
- Rafinha – Corinthians-SP |
- Joãozinho – Concórdia-SC |
- Falcão – Orlândia-SP |
Pivôs |
- Dieguinho – Orlândia-SP |
- Lukaian – Corinthians-SP |
Serviço |
Venda de ingressos nas bilheterias do Sesi, a partir das 12h |
- Fase de classificação: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada) |
- Final: R$ 30 e R$ 15 (meia- |
entrada) |
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