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GINÁSTICA EM BENTO E ENTREVISTA COM ARTHUR ZANETTI

terça-feira, 27 de maio de 2014

GINÁSTICA EM BENTO E ENTREVISTA COM ARTHUR ZANETTI

Bento Gonçalves – O final de semana frio, com temperaturas que não chegavam a dois dígitos, especialmente no sábado, incomodou os ginastas, mas não impediu que eles protagonizassem belas apresentações no Troféu Brasil e 1ª Etapa Caixa de ginástica artística e rítmica. O evento foi realizado no ginásio do Sest Senat, em Bento Gonçalves, e atraiu muitas famílias da região serrana, mesmo com o espaço reduzido para o público.

Nas arquibancadas, as crianças eram as mais atentas. Olhos vidrados, sem piscar, a cada movimento, salto ou demonstração de força e técnica dos ginastas. Sara Melo, 10 anos, estava com a mãe, Elen, e saiu de Farroupilha para acompanhar as disputas. Estava encantada.

– Gostei muito dos saltos delas. Mas quero ver a ginástica rítmica – disse a menina, no início da tarde de sábado, um pouco antes do início das competições.

No sábado pela manhã, as apresentações foram das meninas da ginástica artística feminina. Enquanto um grupo se enrolava em cobertores para amenizar o frio, o outro competia. O destaque foi a jovem Rebeca Andrade, do Flamengo. No domingo, ela confirmou o favoritismo e conquistou o ouro no individual geral, no solo e nas barras assimétricas. Aos 15 anos, Rebeca contagiou o público com a apresentação no solo, ao som de Beyoncé.

– É uma coreografia cheia de dança. Espero que todos gostem tanto quanto eu – comentou a ginasta, que fez a série pela primeira vez.

A experiente Daniele Hypolito esteve no ginásio, mas não competiu. Os treinadores preferiram poupá-la por causa do frio. Assim, ela era o principal alvo dos torcedores em busca de fotos e autógrafos:

– Tenho competições importantes na sequência e os técnicos preferiram que eu não competisse. Mas é importante estar perto, junto com as meninas. Hoje exerço um papel de passar essa experiência, de mostrar para as pessoas que ainda estou na ginástica.

Xarás em alta – Durante a tarde de sábado, o público, que compareceu em maior número, pôde acompanhar a plasticidade e sincronia nos movimentos da ginástica rítmica, além de ter a oportunidade de ver em ação o campeão olímpico Arthur Zanetti. Como era de se esperar, ele deu um show nas argolas.

Além dele, chamou a atenção o jovem Arthur Nory. Ontem, nas finais, o ginasta de 21 anos foi o melhor na barra fixa e no cavalo com alças, além de garantir o título no individual geral.

– Foi um campeonato difícil. Mesmo tendo vencido, acredito que eu poderia ter ido melhor. Quero treinar mais para aumentar minha pontuação. Estamos sendo testados e avaliados constantemente para a seleção – afirmou.

Outro nome de destaque na modalidade, Diego Hypolito treinou durante a sexta-feira, mas também ficou de fora da competição, já que não está vinculado a nenhum clube.

mauricio.reolon@pioneiro.com
MAURÍCIO REOLON
GA masculina
- Individual geral: Arthur Nory (Pinheiros)
- Argolas masculino: Arthur Zanetti (SERC)
- Salto: Glauco Garrido (Pinheiros)
- Paralelas: Francisco Barreto (Pinheiros)
- Barra: Arthur Nory (Pinheiros)
- Cavalo: Arthur Nory (Pinheiros)
- Solo: Renato Oliveira (Pinheiros)
GA feminina
- Individual geral: Rebeca Andrade (Flamengo)
- Paralelas: Rebeca Andrade (Flamengo)
- Salto: Julie Sinmon (Flamengo)
- Solo: Rebeca Andrade (Flamengo)
- Trave: Thauanny Araujo (Flamengo)
Ginástica rítmica
- Individual geral, arco, bola, fitas e maças: Natália Gaudio (Escola de Campeãs)

Arthur Zanetti, um ídolo humilde e focado

Na chegada ao ginásio, o campeão olímpico Arthur Zanetti parece apenas mais um. Em uma fila, os atletas do São Caetano do Sul se posicionam nas arquibancadas enquanto aguardam ser convocados para as disputas. Antes de entrar em ação, com o celular em mãos, ele observa a competição feminina e é pura concentração.

No aquecimento, abraça um a um os companheiros e adversários de prova. Depois, com o mesmo foco que demonstra ao se pendurar nas argolas e fazer a premiada série, inicia a preparação, com a colocação da proteção nas mãos. Um protocolo que se desenvolve de forma natural, mas que serve para demonstrar o quanto cada competição, seja ela qual for, é tratada com a mesma seriedade. Ao se falar com dirigentes e companheiros de equipe, todos têm a mesma impressão. Zanetti é merecedor de tudo o que está conquistando. Seja pela humildade ou pelo empenho para sempre se superar.

Hoje, ele, Caio Souza, Diego Hypolito e Francisco Barreto Júnior viajam para a Copa do Mundo de Anadia, em Portugal, no primeiro grande desafio do ano, que ainda reserva o Pan-Americano e o Mundial.

Antes de encarar os principais ginastas do mundo, a competição em Bento serviu como um teste importante. Confira alguns trechos da entrevista com Zanetti:

Pioneiro: Para um campeão olímpico e que disputa as principais competições do mundo, qual a importância de estar aqui no Brasil e ter esse contato com o público no Troféu Brasil?

Arthur Zanetti: É importante por estar representando o clube. Normalmente, a gente está com a seleção, mas não se pode esquecer de onde a gente veio. É bom levar o nome da cidade de onde nasci para a ginástica e também divulgar a ginástica por todo o país. É interessante a ideia da confederação de buscar lugares sempre diferentes para que mais pessoas possam conhecer a modalidade.

Pioneiro: Aumentou muito a cobrança, dos torcedores ou pessoal, após a conquista em Londres?

Zanetti: A cobrança mais forte sou eu mesmo que faço. Sempre busco a perfeição, melhorar o que posso. Não tem como deixar cair em uma zona de conforto pela conquista ou pela medalha.



Pioneiro: Qual a sua posição neste momento de crescimento da ginástica artística masculina nos últimos anos?

Zanetti: Estamos conseguindo nosso lugar. Eu simplesmente faço a minha parte. Sempre tem muita gente falando que sirvo de espelho. É difícil para quem está nessa situação sentir isso. Mas é bom para mim também. Tenho que treinar mais ainda para que consiga ajudar o esporte de alguma forma.

Pioneiro: O frio aqui da Serra gaúcha complica na hora da competição?

Zanetti: Faz bastante diferença. A adaptação é muito difícil. O calor faz cansar mais rápido, mas o frio é pior. Fica complicado de competir. Dói o corpo, é mais difícil sair da cama. Qualquer fator externo na nossa modalidade atrapalha.

(Entrevista dada ao jornalista Maurício Reolon do Jornal Pioneiro)
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