Campeão mundial com a seleção feminina, técnico Morten Soubak ministra clínicas na UCS
Técnico dinamarquês veio a Caxias do Sul nesta quinta-feira e falou sobre futuro da modalidade
Maurício Reolon
Aos 50 anos, o dinamarquês Morten Soubak é um dos principais técnicos em atividade no país. Ouro no Pan de 2011 e campeão mundial em 2013 com a seleção feminina, ele foi indicado nos últimos três anos entre os finalistas na disputa de melhor treinador de handebol do mundo.
Nesta quinta-feira, ele esteve no Ginásio Poliesportivo da UCS onde ministrou clínicas para as atletas das equipes da Apahand/UCS e para alunos do projeto Educando Campeões da Prefeitura de Caxias do Sul. Além de uma palestra, onde incentivou os jovens a ingressar no esporte e mostrou vídeos de momentos importantes da carreira, o treinador participou de uma atividade prática no ginásio.
— Não estou acostumado a viajar pelo Brasil, mas recentemente fiz vários encontros e palestras pelo país e acho importante estar próximo das pessoas envolvidas no handebol, principalmente na formação. Por isso, estamos aqui em Caxias do Sul para motivar as crianças e divulgar o esporte — disse Soubak.
Antes das atividades, o técnico concedeu entrevista ao Pioneiro e destacou sua preocupação com a estrutura oferecida para a modalidade no país. Com um português fluente, lamentou que a conquista inédita na Sérvia ainda não tenha surtido efeitos práticos no handebol brasileiro:
— Do Mundial na Sérvia até hoje, falando de handebol, não vejo mudança nenhuma.
No país desde 2005, Soubak diz ser um apaixonado pelo Brasil. Desde 2009 no comando da seleção feminina, ele conseguiu levar o país ao inédito quinto lugar na Olimpíada de Londres em 2012 e conquistou seu feito mais importante no ano seguinte. Porém, ainda falta muito.
Por isso, nada de falar em favoritismo no próximo Mundial, em dezembro, na Dinamarca, ou na Olimpíada do Rio, no próximo ano. O objetivo de Soubak é continuar trabalhando em silêncio, renovar o time campeão e beliscar novas medalhas.
— Estamos tentando implementar novas ideias, continuar o trabalho que vem sendo feito. Temos compromissos importantes agora, em Toronto, com o Pan-Americano, o Mundial no final do ano, a Olimpíada no ano que vem. Só posso garantir que vamos fazer todo o possível para conseguir novas medalhas para o país — destaca o técnico.
Nesta quinta-feira, ele esteve no Ginásio Poliesportivo da UCS onde ministrou clínicas para as atletas das equipes da Apahand/UCS e para alunos do projeto Educando Campeões da Prefeitura de Caxias do Sul. Além de uma palestra, onde incentivou os jovens a ingressar no esporte e mostrou vídeos de momentos importantes da carreira, o treinador participou de uma atividade prática no ginásio.
— Não estou acostumado a viajar pelo Brasil, mas recentemente fiz vários encontros e palestras pelo país e acho importante estar próximo das pessoas envolvidas no handebol, principalmente na formação. Por isso, estamos aqui em Caxias do Sul para motivar as crianças e divulgar o esporte — disse Soubak.
Antes das atividades, o técnico concedeu entrevista ao Pioneiro e destacou sua preocupação com a estrutura oferecida para a modalidade no país. Com um português fluente, lamentou que a conquista inédita na Sérvia ainda não tenha surtido efeitos práticos no handebol brasileiro:
— Do Mundial na Sérvia até hoje, falando de handebol, não vejo mudança nenhuma.
No país desde 2005, Soubak diz ser um apaixonado pelo Brasil. Desde 2009 no comando da seleção feminina, ele conseguiu levar o país ao inédito quinto lugar na Olimpíada de Londres em 2012 e conquistou seu feito mais importante no ano seguinte. Porém, ainda falta muito.
Por isso, nada de falar em favoritismo no próximo Mundial, em dezembro, na Dinamarca, ou na Olimpíada do Rio, no próximo ano. O objetivo de Soubak é continuar trabalhando em silêncio, renovar o time campeão e beliscar novas medalhas.
— Estamos tentando implementar novas ideias, continuar o trabalho que vem sendo feito. Temos compromissos importantes agora, em Toronto, com o Pan-Americano, o Mundial no final do ano, a Olimpíada no ano que vem. Só posso garantir que vamos fazer todo o possível para conseguir novas medalhas para o país — destaca o técnico.
Entrevista completa com o técnico Morten Soubak
O handebol brasileiro sob o olhar de Morten Soubak
Aos 50 anos, o dinamarquês Morten Soubak é um dos principais técnicos em atividade no país. Ouro no Pan de 2011 e campeão mundial em 2013 com a seleção feminina, ele foi indicado nos últimos três anos entre os finalistas na disputa de melhor treinador de handebol do mundo.
Ontem, ele esteve no Ginásio Poliesportivo da UCS, onde ministrou clínicas para as atletas das equipes da Apahand/UCS e para alunos do projeto Educando Campeões, da prefeitura de Caxias do Sul. Antes das atividades, falou com o Pioneiro sobre o futuro da seleção feminina e os desafios da modalidade. Falando em português fluente, lamentou que a conquista inédita na Sérvia ainda não tenha surtido efeito prático no handebol nacional.
No Brasil desde 2005, Soubak diz ser um apaixonado pelo país. Desde 2009 no comando da seleção feminina, ele conseguiu o inédito quinto lugar nas Olimpíadas de Londres, em 2012, e conquistou seu feito mais importante no ano seguinte. Porém, ainda falta muito.
Por isso, nada de falar em favoritismo no próximo Mundial, em dezembro, na Dinamarca, ou na Olimpíada do Rio, no próximo ano. O objetivo de Soubak é continuar trabalhando em silêncio, renovar o time campeão e beliscar novas medalhas. Confira a entrevista:
Pioneiro: O que o motivou a deixar a Dinamarca e vir ao Brasil?
Morten Soubak: Sempre tive uma ligação muito forte, me apaixonei pelo Brasil desde pequeno e tive a sorte e a felicidade de ganhar a possibilidade de morar e trabalhar aqui. Sou um privilegiado. Tenho muito a agradecer ao Eduardo Macedo (dirigente, que morreu em 2011), que me trouxe, e ao presidente da confederação, Manoel Luiz Oliveira, por permitir comandar a seleção.
Você esperava em seis anos mudar o patamar do handebol feminino brasileiro?
– Tive um sonho, uma ideia de que era possível chegar entre os melhores do mundo do handebol com a seleção. Começamos isso em 2009 e conseguimos dar um passo à frente. Muitas pessoas não acreditaram. As meninas mostraram que é possível. O trabalho foi importante também para outros países fora da Europa, já que esse ainda é um esporte muito europeu.
Desde o título mundial em 2013, o que você observou como mudança na estrutura do handebol brasileiro?
– Do Mundial na Sérvia até hoje, falando de handebol, não vejo mudança nenhuma.
Qual o próximo passo dentro deste processo?
– Estamos tentando implementar novas ideias, continuar o trabalho que vem sendo feito. Temos compromissos importantes agora, em Toronto, com o Pan-Americano, o Mundial no final do ano, a Olimpíada no ano que vem... Só posso garantir que vamos fazer todo o possível para conseguir novas medalhas para o país.
Como leigos no handebol, muitos atribuem a evolução do Brasil a uma melhor organização tática ou ao time ter mais disciplina e confiança após a sua chegada. É por aí?
– Os brasileiros não conhecem handebol. Eles conhecem o handebol de dentro do Brasil. E eles estão dando opinião. Não têm ideia do que é na Europa, porque nunca foram lá, não viveram lá, não conhecem a cultura. É impressionante o que tem de brasileiros que agora falam sobre o esporte. Até a pouco, ninguém sabia nada. Meu respeito cai na hora. O crescimento do nosso handebol é feito na Europa, no feminino e no masculino. As seleções de base e adulta estão evoluindo, mas as condições dadas aos atletas, técnicos e professores no Brasil não se comparam ao handebol europeu.
Reunir oito atletas da seleção no Hypo (time austríaco), de 2011 até o final de 2013, foi uma atitude decisiva para a formação da equipe campeã mundial?
– Acredito que foi um passo fundamental. Subimos um degrau, evoluímos e foi importante para as atletas que passaram por lá.
Quais outras mudanças foram importantes?
– Grande parte das atletas passaram por vários países e equipes diferentes da Europa. Muitas delas chegaram a clubes de ponta, atuaram em ligas importantes, jogaram contra atletas de melhor nível e em jogos internacionais. É uma bagagem importante, que nos ajuda também. Claro que tentei implementar uma filosofia de como vamos jogar na seleção, o que é ser uma atleta da seleção. É o nosso jeito. Não tentamos copiar os outros, e sim criar a nossa forma fiel de trabalho.
Como você acompanha o processo de renovação desta equipe campeã? Você tem observado muitas jogadoras e tem sido assim desde a sua chegada...
– Estamos tentando buscar atletas mais novas e sempre chamei jogadoras de categorias abaixo para trabalhar com o time adulto. A Lígia (armadora da Apahand/UCS) foi um exemplo. Talvez não para integrar totalmente, mas para sentir como é o treinamento.
A Apahand/UCS é heptacampeã gaúcha e uma das referências no país na revelação de jovens atletas. Ainda existem poucas equipes no Brasil estruturadas para que ocorra essa renovação?
– Precisa ser feito muito mais trabalho de base. É uma pena para quase todo Brasil. Não conheço todos os Estados, mas são poucas cidades que têm equipes femininas. Além disso, não tivemos um jogo aqui até agora e estamos em junho. Imagino como será o ano que vem. O Brasil é sede da Olimpíada e sou o responsável pelo handebol. As atletas que atuam no país não atuam antes da Olimpíada? Esse é o fato, o que estamos dando para o handebol brasileiro. Não tem jogo. O futebol ou o vôlei vão para a Olimpíada sem jogar? A natação vai sem o atleta cair na piscina? Acho que não.
Como você define sua identificação com o Brasil?
– Eu me adaptei muito bem e me sinto como integrante do grupo. Não me sinto dinamarquês e elas brasileiras. Somos todos Brasil.
O Brasil é favorito no próximo Mundial?
– Eu não conheço ninguém no Mundo que acredite que o Brasil seja favorito. É algo construído aqui. Ganhou, é favorito. É uma cultura feia do brasileiro. Não somos favoritos, mas tem 15 de 24 equipes que tem nível para chegar nas medalhas. Devemos passar da primeira fase e aí nossa adversária será Noruega, Romênia, Espanha ou Rússia. Se alguém disser que o Brasil for favorito contra qualquer uma delas, quero discutir com essa pessoa.
Principalmente pela tradição?
– É muito simples. No Brasil, dependemos do grupo que temos, é um grupo pequeno. Noruega, Romênia e Rússia são fábricas de atletas de handebol. A Espanha está numa fase semelhante à nossa. O Brasil é uma fábrica de atletas de futebol e vôlei. Tem muita tradição nesses países europeus e uma bagagem muito pesada. Não vejo favoritismo para nós nem no Mundial, nem na Olimpíada.
A medalha olímpica é o grande sonho?
– Tanto Olimpíada como Mundial são grandes títulos. Se é para balançar os dois, a maioria vai falar que o maior sonho é o Rio 2016.
O que muda na preparação psicológica das atletas por jogar em casa?
– Vou fazer o mesmo discurso que faço aqui. Vai ter pressão para qualquer atleta ou equipe. Algumas maior, pela expectativa. Do badminton não podemos esperar nada. Mas, tudo bem, sem problemas. Nós temos que aprender e lidar com isso. É procurar o caminho mais legal para viver com isso. Me sinto tranquilo sobre o trabalho, tenho certeza que os vários jogos que fizemos aqui, o Mundial de 2011 em São Paulo, será uma bagagem importante para jogar em 2016.
As meninas podem ter vantagem pelo apoio do torcedor no Rio?
– Elas se sentem à vontade de jogar em casa. Acredito que possamos trazer a vantagem em momentos importantes dos jogos, de trazer a torcida para junto do time.
Qual a importância de estar nas cidades e passar sua experiência, especialmente para os jovens que sonham em entrar no esporte?
– Não estou acostumado a viajar pelo Brasil, mas recentemente fiz vários encontros e palestras pelo país e acho importante estar próximo das pessoas envolvidas no handebol, principalmente na formação. Por isso, estamos aqui em Caxias do Sul para motivar as crianças e divulgar o esporte.
É possível o handebol brasileiro melhorar a sua estrutura em médio e curto prazo?
– Vou falar em geral, não apenas no handebol. O Brasil é uma das maiores economias do mundo, uma das maiores populações. Poderia fabricar quem quisesse, em altíssimo nível, em qualquer modalidade. É só querer. A Noruega tem 3 ou 4 milhões de pessoas. Olha quantas medalhas eles conseguem numa Olimpíada. O Brasil tem tudo...
Passa por uma política de esporte diferente?
– Não consigo explicar. Talvez a cultura esteja tão no meu sangue e faço comparações com o que sei. Talvez, em outros lugares da Europa, seja diferente. Vejo que o Brasil tem talento, potencial, qualquer biotipo de atleta, que dá a certeza que o país pode educar atletas em qualquer modalidade.
Qual o sentimento do treinador ao ver uma liga feminina enfraquecida no Brasil?
– Para o técnico da seleção, é triste de ver que não consigamos ter mais equipes de todo Brasil e em alto nível. De novo, acredito que é possível. As distâncias são muito grandes, os custos são altos para participar o ano inteiro. Entendo perfeitamente as dificuldades de cada local. E não é somente no handebol, mas em muitas modalidades daqui.
mauricio.reolon@pioneiro.com
MAURÍCIO REOLONOntem, ele esteve no Ginásio Poliesportivo da UCS, onde ministrou clínicas para as atletas das equipes da Apahand/UCS e para alunos do projeto Educando Campeões, da prefeitura de Caxias do Sul. Antes das atividades, falou com o Pioneiro sobre o futuro da seleção feminina e os desafios da modalidade. Falando em português fluente, lamentou que a conquista inédita na Sérvia ainda não tenha surtido efeito prático no handebol nacional.
No Brasil desde 2005, Soubak diz ser um apaixonado pelo país. Desde 2009 no comando da seleção feminina, ele conseguiu o inédito quinto lugar nas Olimpíadas de Londres, em 2012, e conquistou seu feito mais importante no ano seguinte. Porém, ainda falta muito.
Por isso, nada de falar em favoritismo no próximo Mundial, em dezembro, na Dinamarca, ou na Olimpíada do Rio, no próximo ano. O objetivo de Soubak é continuar trabalhando em silêncio, renovar o time campeão e beliscar novas medalhas. Confira a entrevista:
Pioneiro: O que o motivou a deixar a Dinamarca e vir ao Brasil?
Morten Soubak: Sempre tive uma ligação muito forte, me apaixonei pelo Brasil desde pequeno e tive a sorte e a felicidade de ganhar a possibilidade de morar e trabalhar aqui. Sou um privilegiado. Tenho muito a agradecer ao Eduardo Macedo (dirigente, que morreu em 2011), que me trouxe, e ao presidente da confederação, Manoel Luiz Oliveira, por permitir comandar a seleção.
Você esperava em seis anos mudar o patamar do handebol feminino brasileiro?
– Tive um sonho, uma ideia de que era possível chegar entre os melhores do mundo do handebol com a seleção. Começamos isso em 2009 e conseguimos dar um passo à frente. Muitas pessoas não acreditaram. As meninas mostraram que é possível. O trabalho foi importante também para outros países fora da Europa, já que esse ainda é um esporte muito europeu.
Desde o título mundial em 2013, o que você observou como mudança na estrutura do handebol brasileiro?
– Do Mundial na Sérvia até hoje, falando de handebol, não vejo mudança nenhuma.
Qual o próximo passo dentro deste processo?
– Estamos tentando implementar novas ideias, continuar o trabalho que vem sendo feito. Temos compromissos importantes agora, em Toronto, com o Pan-Americano, o Mundial no final do ano, a Olimpíada no ano que vem... Só posso garantir que vamos fazer todo o possível para conseguir novas medalhas para o país.
Como leigos no handebol, muitos atribuem a evolução do Brasil a uma melhor organização tática ou ao time ter mais disciplina e confiança após a sua chegada. É por aí?
– Os brasileiros não conhecem handebol. Eles conhecem o handebol de dentro do Brasil. E eles estão dando opinião. Não têm ideia do que é na Europa, porque nunca foram lá, não viveram lá, não conhecem a cultura. É impressionante o que tem de brasileiros que agora falam sobre o esporte. Até a pouco, ninguém sabia nada. Meu respeito cai na hora. O crescimento do nosso handebol é feito na Europa, no feminino e no masculino. As seleções de base e adulta estão evoluindo, mas as condições dadas aos atletas, técnicos e professores no Brasil não se comparam ao handebol europeu.
Reunir oito atletas da seleção no Hypo (time austríaco), de 2011 até o final de 2013, foi uma atitude decisiva para a formação da equipe campeã mundial?
– Acredito que foi um passo fundamental. Subimos um degrau, evoluímos e foi importante para as atletas que passaram por lá.
Quais outras mudanças foram importantes?
– Grande parte das atletas passaram por vários países e equipes diferentes da Europa. Muitas delas chegaram a clubes de ponta, atuaram em ligas importantes, jogaram contra atletas de melhor nível e em jogos internacionais. É uma bagagem importante, que nos ajuda também. Claro que tentei implementar uma filosofia de como vamos jogar na seleção, o que é ser uma atleta da seleção. É o nosso jeito. Não tentamos copiar os outros, e sim criar a nossa forma fiel de trabalho.
Como você acompanha o processo de renovação desta equipe campeã? Você tem observado muitas jogadoras e tem sido assim desde a sua chegada...
– Estamos tentando buscar atletas mais novas e sempre chamei jogadoras de categorias abaixo para trabalhar com o time adulto. A Lígia (armadora da Apahand/UCS) foi um exemplo. Talvez não para integrar totalmente, mas para sentir como é o treinamento.
A Apahand/UCS é heptacampeã gaúcha e uma das referências no país na revelação de jovens atletas. Ainda existem poucas equipes no Brasil estruturadas para que ocorra essa renovação?
– Precisa ser feito muito mais trabalho de base. É uma pena para quase todo Brasil. Não conheço todos os Estados, mas são poucas cidades que têm equipes femininas. Além disso, não tivemos um jogo aqui até agora e estamos em junho. Imagino como será o ano que vem. O Brasil é sede da Olimpíada e sou o responsável pelo handebol. As atletas que atuam no país não atuam antes da Olimpíada? Esse é o fato, o que estamos dando para o handebol brasileiro. Não tem jogo. O futebol ou o vôlei vão para a Olimpíada sem jogar? A natação vai sem o atleta cair na piscina? Acho que não.
Como você define sua identificação com o Brasil?
– Eu me adaptei muito bem e me sinto como integrante do grupo. Não me sinto dinamarquês e elas brasileiras. Somos todos Brasil.
O Brasil é favorito no próximo Mundial?
– Eu não conheço ninguém no Mundo que acredite que o Brasil seja favorito. É algo construído aqui. Ganhou, é favorito. É uma cultura feia do brasileiro. Não somos favoritos, mas tem 15 de 24 equipes que tem nível para chegar nas medalhas. Devemos passar da primeira fase e aí nossa adversária será Noruega, Romênia, Espanha ou Rússia. Se alguém disser que o Brasil for favorito contra qualquer uma delas, quero discutir com essa pessoa.
Principalmente pela tradição?
– É muito simples. No Brasil, dependemos do grupo que temos, é um grupo pequeno. Noruega, Romênia e Rússia são fábricas de atletas de handebol. A Espanha está numa fase semelhante à nossa. O Brasil é uma fábrica de atletas de futebol e vôlei. Tem muita tradição nesses países europeus e uma bagagem muito pesada. Não vejo favoritismo para nós nem no Mundial, nem na Olimpíada.
A medalha olímpica é o grande sonho?
– Tanto Olimpíada como Mundial são grandes títulos. Se é para balançar os dois, a maioria vai falar que o maior sonho é o Rio 2016.
O que muda na preparação psicológica das atletas por jogar em casa?
– Vou fazer o mesmo discurso que faço aqui. Vai ter pressão para qualquer atleta ou equipe. Algumas maior, pela expectativa. Do badminton não podemos esperar nada. Mas, tudo bem, sem problemas. Nós temos que aprender e lidar com isso. É procurar o caminho mais legal para viver com isso. Me sinto tranquilo sobre o trabalho, tenho certeza que os vários jogos que fizemos aqui, o Mundial de 2011 em São Paulo, será uma bagagem importante para jogar em 2016.
As meninas podem ter vantagem pelo apoio do torcedor no Rio?
– Elas se sentem à vontade de jogar em casa. Acredito que possamos trazer a vantagem em momentos importantes dos jogos, de trazer a torcida para junto do time.
Qual a importância de estar nas cidades e passar sua experiência, especialmente para os jovens que sonham em entrar no esporte?
– Não estou acostumado a viajar pelo Brasil, mas recentemente fiz vários encontros e palestras pelo país e acho importante estar próximo das pessoas envolvidas no handebol, principalmente na formação. Por isso, estamos aqui em Caxias do Sul para motivar as crianças e divulgar o esporte.
É possível o handebol brasileiro melhorar a sua estrutura em médio e curto prazo?
– Vou falar em geral, não apenas no handebol. O Brasil é uma das maiores economias do mundo, uma das maiores populações. Poderia fabricar quem quisesse, em altíssimo nível, em qualquer modalidade. É só querer. A Noruega tem 3 ou 4 milhões de pessoas. Olha quantas medalhas eles conseguem numa Olimpíada. O Brasil tem tudo...
Passa por uma política de esporte diferente?
– Não consigo explicar. Talvez a cultura esteja tão no meu sangue e faço comparações com o que sei. Talvez, em outros lugares da Europa, seja diferente. Vejo que o Brasil tem talento, potencial, qualquer biotipo de atleta, que dá a certeza que o país pode educar atletas em qualquer modalidade.
Qual o sentimento do treinador ao ver uma liga feminina enfraquecida no Brasil?
– Para o técnico da seleção, é triste de ver que não consigamos ter mais equipes de todo Brasil e em alto nível. De novo, acredito que é possível. As distâncias são muito grandes, os custos são altos para participar o ano inteiro. Entendo perfeitamente as dificuldades de cada local. E não é somente no handebol, mas em muitas modalidades daqui.
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